E se pudéssemos “testar” milhares de pessoas para varíola do macaco sem exigir que elas entrassem em uma clínica ou laboratório? A vigilância de águas residuais pode ser implantada rapidamente para dar tranquilidade às comunidades quanto à disseminação de novos vírus.
Quando a Organização Mundial da Saúde (WHO) reportou recentemente mais de 100 casos de varíola do macaco por 11 países, manchetes em pânico surgiram. Notícias sobre um vírus desconhecido se espalhando por vários países pareciam preocupantemente semelhantes às primeiras manchetes da pandemia da COVID-19. A boa notícia é que já existe uma vacina para a varíola dos macacos, e a doença não é tão contagiosa ou mortal quanto a COVID-19. No entanto, as autoridades de saúde ainda precisam monitorar sua disseminação, e a maneira mais abrangente e econômica de fazer isso seria por meio de estratégias de vigilância amplas baseadas em comunidade, como testagem de águas residuais.
A Varíola do macaco apresenta sintomas semelhantes ao resfriado comum ou uma infecção sexualmente transmissível (IST). Alguém infectado pode não saber como procurar atendimento médico ou pode se sentir estigmatizado. Outros indivíduos infectados podem ser assintomáticos ou dificuldades de acesso ao sistema de saúde. Como os cientistas suspeitam que o vírus da varíola dos macacos seja eliminado nas fezes (como o SARS-CoV-2), os casos que seriam perdidos ainda apareceriam em uma amostra de águas residuais. Como resultado, as autoridades de saúde podem obter um quadro mais completo da prevalência da doença em uma comunidade e ter a capacidade de preparar uma resposta rápida e proporcional. Além disso, ao contrário dos centros de testagem de PCR (reação em Cadeia da Polimerase) em massa que exigem um exército de funcionários e equipamentos médicos, os testes de águas residuais requerem apenas alguns equipamentos e alguns cientistas por comunidade.
Para um exemplo bem-sucedido dessa estratégia, observamos Houston, Texas, onde as autoridades de saúde pública rapidamente estabeleceram um programa robusto de testes de efluentes COVID-19. Com 39 instalações de teste de águas residuais cobrindo uma cidade de 2,3 milhões de habitantes, o departamento de saúde local detectou e monitorou rapidamente cepas virais emergentes e identificou pontos críticos que precisam de intervenção de saúde pública.
No entanto, a precisão dos dados de vigilância de águas residuais depende da qualidade dos métodos utilizados para testar as amostras. O Droplet Digital PCR (ddPCR), ou PCR Digital em Gotas, surgiu como o padrão ouro para detectar surtos e monitorar variantes virais em comunidades por meio de águas residuais. Essa tecnologia detecta e quantifica o RNA viral vertido em águas residuais, fornecendo vigilância em tempo real da disseminação na comunidade. Infelizmente, as águas residuais estão cheias de inibidores, materiais biológicos e produtos químicos que podem interromper a reação de PCR. No entanto, o CDC endossou o ddPCR como o método preferido para monitoramento de águas residuais porque é menos sensível a inibidores e pode fornecer o nível de precisão necessário para informar decisores a tomar ações de saúde pública.
Agentes da OMS enfatizaram que o atual surto de varíola pode ser contido, mas isso pode mudar rapidamente. Os programas de vigilância de águas residuais podem ser implantados rapidamente e são incomparáveis quanto a sua capacidade de “testar” centenas ou milhares de pessoas ao mesmo tempo, fornecendo às autoridades de saúde uma maneira rápida, sensível e confiável de monitorar as tendências de doenças em uma comunidade e responder com vacinação e outros medidas enquanto a contenção ainda é possível. Alimentado pela precisão e sensibilidade da tecnologia ddPCR, a testagem de águas residuais é uma das ferramentas mais valiosas para monitoramento da comunidade e detecção precoce de doenças.
Fonte: LinkedIn